Formado pela Faculdade de Comunicação Cásper Líbero, o jornalista Ricardo Lombardi, de 38 anos, é o idealizador do blog "Desculpe a Poeira".
O blog foi criado quando o jornalista trabalhava em Nova York e hoje está hospedado no Portal IG. É neste espaço que Lombardi expõe dicas de leituraAtualmente ele trabalha na Editora Abril, onde edita o Almanaque Abril e o Guia do Estudante.
Já teve passagem pelo Estadão, Jornal da Tarde, Último Segundo, America Online, Bravo entre outros.
Em entrevista concedida ao Grito, Ricardo Lombardi falou do seu blog "Desculpe a Poeira":
Ricardo, qual é a sua opinião sobre blog?
O blog é uma mídia como outra qualquer. A questão toda é como você vai usar essa mídia. No caso do jornalismo, os blogs têm a capacidade de oferecer a alguém uma informação que ela ainda não saiba. Eu tenho interesse em música, cinema, teatro e televisão, e o jornal impresso e a televisão não conseguem me dar todas as informações que eu quero. Então eu faço um cardápio de fontes que me servem como um menu diário de notícias. O blog funciona quando te leva a um lugar que você não conhece. Este lugar pode ser uma opinião muito bem fundamentada, pode ser um texto do arquivo de um jornalista, que estava guardado e só ele e os amigos dele conheciam, mas agora ele compartilha com a comunidade.
Como foi que você decidiu montar um blog sobre cultura?
O meu blog nasceu um pouco sem querer. Eu tinha o hábito de recortar notícias de jornais e revistas e guardar em pastas. Eu faço isso desde que trabalhava no arquivo do Estadão. Uma das minhas funções lá era recortar as entrevistas interessantes e guardar nas pastas, que eram consultadas pelos jornalistas.
Quando eu encontrava uma matéria bem escrita, eu mandava para a minha equipe, para que eles a tomassem como base para a próxima matéria que fossem fazer. Até que um dia eu decidi postá-las num blog.
O Blog começou a ter uma repercussão, ainda que pequena. Pelo menos as pessoas que me conhecem começaram a gostar, dar dicas, essa é a história.
Como você escolhe os assuntos que posta no Desculpe a Poeira?
Eu evito assuntos quentes que vão perecer rapidamente. Vou atrás de matérias ou links que possam inspirar o ensaio de alguém, ou que são divertidas por si mesmo.
O blog é alimentado diariamente com as minhas leituras matinais. Na internet, leio uma dúzia de fontes, blogs, jornais nacionais e internacionais e seleciono coisas que podem virar pauta para um jornal impresso, blog e rádio.
O jornalista está sempre atrás de coisas novas e eu tento, com o meu blog, apresentar essas coisas para eles de um jeito mais fácil e rápido.
Qual o público alvo do seu blog?
O blog nasceu voltado para pautar jornalistas, mas acabou virando algo maior porque eu percebi que não era só jornalista que entrava. E tinha muita gente que queria se informar sobre algo e achava que a minha edição era bem feita.
Meu público alvo é formado por pessoas interessadas pelas notícias do mundo inteiro.Mas eu coloco muita coisa voltada para jornalismo e estudante de jornalismo.
O que você acha que falta para que o brasileiro tenha mais acesso à cultura?
Entra na questão educacional e distribuição de renda, porque se não te apresentam coisas interessantes na sua adolescência ou na sua infância isso vai refletir na sua idade adulta.É preciso ter uma boa escola pública, que possa despertar o interesse do aluno para música, artes plásticas.Não existem muitas escolas que tenham aula da história da arte, por exemplo,isso fica para as escolas de elite. Se você não apresenta esses conhecimentos, logo na adolescência as pessoas acabam se distanciando desse universo e perdem o interesse. Falta investimento na educação.
Como você vê o jornalismo cultural?
Nos jornais diários ele vem perdendo espaço porque a prioridade é sempre política e economia. Por isso você não forma bons jornalistas culturais novos. Eu tive muita dificuldade, na Bravo, de ter gente nova que entendesse de cultura e escrevesse de um jeito bacana. Eu vi muito estagiário que buscava as coisas no Google e com isso perdiam o espírito da reportagem. Você tem que ir no lugar, visitar e conversar com o artista.
Que conselho você daria para o estudante de jornalismo que quer se tornar um profissional de sucesso?
Em primeiro lugar, não se contentar só com as matérias da faculdade. Eu tenho observado uma tendência de acharem que depois da faculdade você não estuda mais, e é contrário. Tem que ler e escrever muito. Conhecer bons autores jornalistas é muito importante.
A grande chave é a apuração, ter cuidado com a checagem de dados, e não se contentar só com uma fonte e reler a matéria quinhentas vezes, se necessário, além de viajar muito.
Abaixo vai um link recomendado por Ricardo Lombardi, com uma lista de livros que ele considera interessantes para a formação dos jornalistas:
http://cursoabril.abril.com.br/servico/curso/materia_187041.shtml
Não há necessidade de inscrição. (20 vagas, 7 anos) - público: crianças acompanhadas pelos responsáveis - informações: Divisão de Ação Cultural e Educativa, pelo tel. 3383-3436 - período da oficina: das 10h às 12h e das 14h às 16h - Espaço Flávio Império (Foyer)
